Em defesa dos animais

03/03/2015 08:50

EM DEFESA DOS NÃO HUMANOS (POR QUE SER ÉTICO COM ANIMAIS)

 

Neste artigo quero tentar levar o(a) leitor(a) a uma reflexão interior e se possivél uma autoanálise a respeito das nossas relações e percepções com relação aos animais não humanos.

Sabemos que muitos dos animais , ao longo da jornada do homem sobre a Terra, passaram de predadores a presas. Os animais quando não estão em seu habitat natural passam por todo tipo de privação e atrocidades, exceto casos de grandes zoológicos estruturados e, claro, aqueles que são tidos como mascotes de estimação, que em muitos casos recebem tratamento melhor que muitos seres humanos.

Com a evolução científica do século passado os animais se tornaram as cobaias preferênciais nos mais atrozes dos experimentos, levando estes seres a sofrimentos indescritiveis, tudo isto  para validar ou indicar a direção de resultados de experiências nas mais diversas áreas, desde a farmacêutica à militar, sendo que muitos destes experimentos já foram muitas vezes questionados pela própria comunidade científica por ter um caráter duvidoso e incipiente, ou seja, não trazer nada de novo ou relevante à raça humana.

A vida humana é tida como sagrada em todos os seus aspectos na maioria das sociedades e culturas, iclusive pessoas em estado vegetativo tem assistência garantida. Isto é um ponto muito positivo na defesa dos direitos humanos no mundo moderno, visto que até pouco tempo a escravidão de seres humanos era tido como prática institucionalizada e a eliminação de pessoas deficientes mentais ou físicas eram tidos como práticas correntes na sociedade alemã nazista. Outro caso de pseudociência emblemático ocorreu nos anos de 1940 na Inglaterra, onde crianças órfãs e refugiadas foram usadas pelo psiquiatra John Bowley em seus experimentos de privação e isolamento. Com o aperfeiçoamento dos direitos humanos, os animais se tornaram as cobaias por exelência, lhes foram negado qualquer tipo de afeição ou direito inerente, seja em experimentos científicos, industria de alimentos, entretenimento (circos, zoológicos), industria de modas, ornamentos etc. Em todas estas relações os animais são tidos apenas como matéria-prima, um insumo, sem direito a sentimentos ou misericórdia para com eles. São peças de reposição.

As relações humanos/animais são cercadas de tabus, dentre eles o religioso. No caso do judeus (Tora) e cristãos (velho e novo testamento) que utilizam os escritos sagrados como um dos referênciais de fé, em ambas as práticas tem-se no livro de Gênesis (Beréshit), a frase em que Deus diz para o homem dominar sobre todas as criaturas, onde o termo é compreendido como subjugar e explorar, na verdade deveria ser entendido como cuidado. Qualquer interpretação além da tradicional é vista pelos religiosos dogmáticos como heresia ou falta de fé.

Partindo agora para um ambiente acadêmico, poderíamos deduzir que o trato com os animais analisado pelo fator ético. Na verdade nas últimas décadas, temos tido muitas mudanças no tocante ao trato com animais, principalmente os chamados “cobaias”, inclusive em muitas instituições universitárias está proibido judicialmente o teste e experimentos com animais, e por incrivel que pareça os conselhos regionais de biologia tem-se posicionado contra este parecer, gerando então um contrasenso, dentro dos ambientes universitários.

Se pensarmos na vida como algo a ser preservado, podendo ser extinguido em casos extremos, como aliviar um sofrimento, ou salvar uma vida primordial em relação a outro ser vivo, podemos deduzir que os testes em laboratórios farmaceuticos, centros de pesquisas militares, biológicos e de comportamento, assim como em universidades e escolas, com cobaias são na verdade um grande atraso técnico e intelectual. Visto que hoje quase todas as substâncias químicas existentes já foram testadas exaustivamente, de diversas maneiras nas mais diversas espécies animais. E tudo que se sabe de anatomia já foi fotografado, filmado, desenhado. Ainda como alternativa, existem diversos modelos em polietileno, softwares e simuladores de anatomia animal.

Alguns profissionais chegam até mesmo a demonstrar certos traços de sadismo no trato com os animais seja na industria alimentícia ou em centros de pesquisa. Não precisamos entrar em detalhes dos promenores, sendo que existem diversos livros, vídeos e revistas que tratam bem do assunto expondo bem a crueldade a qual estes seres são submetidos continuamente.

Portanto para um aprendizado mais ético e humanitário deveríamos refletir sobre estas práticas no nosso dia a dia. A questão é : será que nós humanos temos o direito de agir com os não humanos das formas mais descabidas possíveis, apenas pelo fato de sermos supostamente intelectualmente mais evoluídos? Partindo desta colocação passaríamos a refletir sobre questões como: deficientes mentais seriam propensos a serem tratados como são os animais ? Visto que há casos de animais que possuem raciocínio lógico mais refinado do que muitas pessoas mentalmente debilitadas.

Questões como a utilização de vestimentas fabricadas através de sofrimento animal, produtos testados de forma cruel, também entrariam no debate. Uma gama de questões éticas podem ser levantadas através destes simples raciocínios lógicos.

Alguns agumentam que são apenas animais e não se importam em serem mortos, voltamos ao raciocínio acima exposto, e quanto a seres humanos acometidos de paralisia cerebral, estado vegetativo, também não se importarim em serem eliminados ?

Acredito que ninguém em são juízo iria querer cometer um ato cruel de tirar uma vida humana privada de inteligência pelo simplesmente fato desta não ter uma utildade para a sociedade. Seria algo fora de padrões éticos e morais.

O ser humano de comportamento saudavel (pensamentos e atos) não age das maneiras descabidas citadas acima, somos cercados de padrões éticos e morais que nos propiciam uma vida digna e altruista. Imaginemos agir-mos somente para satisfazer nosso prazer e vontade própria, seriá-mos como um bando de psicopatas a solta pelo mundo, mas felizmente temos algo em nosso consciente e subconsciente que nos faz andar segundo os padrões de humanitarismo, inclusive com os não-humanos. Se descendemos de um ancestral comum ou fomos criados pelo mesmo Ser, então deveríamos estender nosso altruismo a todo ser vivo consciente (plantas apesar de serem vivas, não tem consciência própria), deveríamos colocar em nossas perspectivas a intenção de não causarmos danos aos animais apenas pelo simples fato de que suas carnes agradem nosso paladar ou de que suas peles sirvam de vestimenta da moda.

 

Sugestões de consulta:

 

Livros: Libetação animal e A ética da alimentação (Peter Singer)

O dilema do onívoro ( Michael Pollan)

Documentários: A carne é fraca, Não matarás e Terráqueos (todos disponíveis no youtube)